Many household names have been emboldened by the "Me Too" movement: Uma Thurman, Megyn Kelly, Reese Witherspoon. But what about the women in our midst you've never heard of who live in the shadows — house cleaners and nannies — working in private homes?

Many domestic workers are undocumented, fearful of law enforcement, suffering in silence. But Luna did go to the police. Luna is the name that this undocumented house cleaner from Brazil has chosen for this story to protect her family's privacy. She, her husband, and their little girl live in a tidy apartment in Greater Boston. It was there that we met up with Luna. She was sitting on the floor of her daughter's bedroom playing with dolls, her 5-year-old girl chattering away in English and Portuguese.

Luna smiled and played along with her daughter. But later, out of her daughter's earshot, Luna shared her story.

It was during a snowstorm in 2004. She and her husband lived in Brighton. She remembers her boss at the cleaning company she worked for calling to say that he was coming by to pick her up to clean a house in Newton, and when they got to that house, they started cleaning. And then he called her upstairs. When she walked into the bedroom, he shut the door behind her.

"He was practically naked. He knocked me down on the floor, turned me over and started pulling my pants down, but he couldn't do everything he needed. So he started hitting me and I started screaming. I didn't know what to do. It was all very fast," she said.

Luna said when she fought back, he kicked and scratched her. She managed to hit him, she said, and then crawled away to the bathroom and locked herself in. But he was just outside the door.

"When I realized what he was trying to do, I remember kneeling down on the floor and praying. Praying that God would allow me to get out of there alive and that he would stop attacking me. And I asked God to give me strength. I cleaned myself because I was feeling dirty, horrible." said Luna.

She said he kept pounding on the door, demanding that she finish cleaning the house, that she wasn't getting paid to cry in the bathroom. Finally, she unlocked the door and went downstairs. She said she could feel his eyes watching her as she mopped the kitchen floor. And what he said next stayed with her.

"He said, 'If you want to live, if you want to have a normal life, shut your mouth and don't tell this to anyone. You are an immigrant, and you don't have documents, you don't speak English. If you tell anyone about what happened here, I'll turn you in to immigration authorities. You and your husband will be arrested and deported,'" Luna said.

He had hit a nerve. Deportation was one of Luna's biggest fears. And she's far from alone. In Massachusetts, the majority of house cleaners are foreign born. Those without papers fear reporting abuse. And then there's the language barrier. Due to all of these factors, hard numbers on sexual harassment against domestic workers are difficult to come by.

"It happens every day, but a lot of it we don't know about," said Angella Foster, a former nanny from Jamaica who now counsels domestic workers at the Matahari Women Workers' Center in Boston. She said that at the Matahari Women Workers' Center, she hears stories of isolation: the perfect set up for abuse.

"You are alone in a house. Children are off to school, mom is off to school, dad comes home in the middle of the day, you're alone with dad. That's a perfect situation right there," said Foster.

As for Luna? Her boss kept trying to set up the perfect situation too: getting her alone in a car or a room. For nearly a year she managed to avoid him. She had bills to pay and couldn’t bring herself to confide even in her husband.

"I didn't say anything. At the time, I didn't know the law, I didn't know better," she said.

But she was about to learn. Her boss finally fired her. Only then did she muster the courage to go to the police and tell her husband. Her boss was arrested, though no criminal charges were brought. Instead, a lawyer helped Luna take her case to the Massachusetts Commission Against Discrimination. Her boss was found liable and ordered to pay a hefty fine. Since then, the Domestic Workers Bill of Rights was signed into law in Massachusetts, allowing domestic workers with or without papers to file complaints, even if they work independently, or for a small company. And Luna's courage just might pay off. Because she reported the assault, she can now apply for a U visa. It's a type of visa reserved for victims of certain crimes who cooperate with authorities.

Luna said she's glad she finally took a stand, and now she feels compelled to talk about it.

"We have to raise our voices so the whole world can hear us. The women, the girls? They can’t be used, can’t be violated like this is something ... normal. Like my attacker said when he was assaulting me, 'This is normal.' No. This is not normal," she said.

Luna's little girl, meantime, knows none of this. Luna said she wants her daughter to keep believing in fairy tales until she is old enough to be told the story of the time her mother stood up for herself and brought about a measure of justice.

This piece was reported and produced by Giulia Afiune. She also translated the story into Portuguese, which you can read below.

O movimento MeToo tem motivado muitas mulheres famosas – como Uma Thurman, Megyn Kelly, e Reese Witherspoon – a denunciar casos de violência sexual. Mas e as mulheres que sofrem abuso e assédio longe dos holofotes, como as faxineiras e as babás que trabalham em casas de família?

Muitas trabalhadoras domésticas vivem de forma irregular nos Estados Unidos, e por causa de seu status imigratório, frequentemente têm medo de recorrer à polícia. Muitas sofrem em silêncio.

No entanto, Luna foi à polícia. Luna foi o nome fictício que essa trabalhadora doméstica brasileira escolheu para poder contar sua história e proteger a privacidade de sua família. Imigrante sem documentos, ela mora com seu marido e a filha de 5 anos do casal em um pequeno apartamento na Grande Boston.

Foi lá que nos encontramos com Luna. Sentadas no chão do quarto da filha, Luna e a menina brincavam de boneca. As histórias eram narradas em uma mistura de português e inglês.

Mais tarde, longe da filha, Luna conta sua própria história.

Tudo aconteceu durante uma tempestade de neve em 2004. Na época, ela e o marido moravam em Brighton. Ela se lembra que seu chefe – o dono da empresa de limpeza doméstica para qual trabalhava – ligou e disse que iria buscá-la para limparem uma casa em Newton. Assim que chegaram na casa, eles começaram o serviço. Então, ele a chamou para limpar o quarto no segundo andar. Quando ela entrou, ele fechou a porta.

"Quando eu virei, ele já estava quase sem roupa. Ele me jogou no chão, me virou e começou a puxar a minha calça, só que ele não conseguia fazer tudo que ele precisava. Aí ele começou a me bater e eu comecei a gritar. Eu não sabia o que fazer. Foi muito rápido," ela lembra.

Luna conta que, enquanto lutava contra o homem, ele a chutava e a arranhava. Eventualmente, ela conseguiu golpeá-lo e engatinhou até o banheiro, onde se trancou. Ele a seguiu e permaneceu do lado de fora.

"Quando eu me dei conta do que ele queria fazer, eu me ajoelhei e pedi a Deus que me desse calma, força e uma recompensa: poder sair dali viva," Luna conta. "E eu me limpei, porque eu me sentia suja, horrível.”

Ela conta que o agressor continuava batendo na porta, exigindo que ela terminasse de limpar a casa, e dizendo que ela não era paga para chorar no banheiro. Levou algum tempo até que decidisse destrancar a porta e descer para continuar a faxina. Enquanto esfregava o chão da cozinha, Luna sentia que ele estava a observando. E ela jamais esqueceu o que ele disse naquele momento.

"Ele falou: ‘Se você quer viver, se você quer ter uma vida normal, fecha a sua boca e não conte isso para ninguém. Você é uma imigrante. Você não tem documentos. Você não fala inglês. Se você contar alguma coisa do que aconteceu aqui, eu vou entregar você na imigração. Você e o seu marido vão ser presos e deportados,’" relata.

Ele atingiu seu ponto fraco. A deportação era um dos maiores medos de Luna. E ela não está sozinha.

Em Massachusetts, a maioria dos faxineiros é estrangeira. Aqueles que não possuem documentos têm medo de denunciar casos de abuso. E muitos não têm o domínio da língua necessário para ir à polícia. Por isso é difícil estimar o número de trabalhadores domésticos que sofrem assédio sexual.

"Isso acontece todos os dias, mas em grande parte dos casos, nós não ficamos sabendo," diz a jamaicana Angella Foster, que trabalhou durante anos como babá e atualmente orienta trabalhadoras domésticas no Centro de Mulheres Trabalhadoras Matahari (Matahari Women Workers' Center) em Boston. Foster diz que, em seu trabalho, frequentemente ouve histórias de mulheres que trabalham de forma isolada: a situação perfeita para abusos.

"Você está sozinha numa casa. As crianças estão na escola, a mãe saiu de casa, o pai volta para casa no meio do dia, você fica sozinha com o pai. Está aí uma situação perfeita," exemplifica Foster.

O patrão de Luna também continuou tentando criar a oportunidade perfeita para ficar sozinho com ela em um quarto ou dentro de seu carro. Por quase um ano ela conseguiu evitá-lo. Ela tinha contas para pagar e não conseguia contar o que estava acontecendo para ninguém, nem mesmo para o seu marido.

"Eu fiquei quieta. Até então eu não sabia nada sobre as leis. Eu não conhecia nada," diz.

Ela estava prestes a descobrir. Eventualmente, seu patrão a demitiu. Foi só nesse momento que ela teve coragem de denunciá-lo à polícia e contar tudo ao marido.

O agressor foi preso temporariamente, mas não respondeu a um processo criminal. Em vez disso, com a ajuda de um advogado, Luna levou seu caso à Comissão Antidiscriminação de Massachusetts (Massachusetts Commission Against Discrimination, MCAD). Após uma investigação, a MCAD decidiu que o patrão poderia ser responsabilizado e ordenou que ele pagasse uma indenização a Luna.

Desde então, a Carta de Direitos dos Trabalhadores Domésticos (Domestic Workers' Bill of Rights) se tornou lei em Massachusetts. Graças à nova lei, atualmente todos os trabalhadores domésticos – incluindo aqueles que trabalham de forma independente ou para pequenas empresas e aqueles não possuem documentos – podem denunciar à MCAD casos de assédio e abuso sexual cometidos por seu empregador.

No caso de Luna, sua coragem pode ainda lhe trazer benefícios. Já que denunciou o ataque, agora ela pode solicitar o visto U, opção reservada a vítimas de certos crimes que cooperam com as autoridades.

Ao refletir sobre o passado, Luna se sente feliz por ter tomado uma posição e se diz encorajada a falar sobre o que aconteceu.

“Nós temos que falar muito alto para que todo o mundo nos escute. As mulheres e as crianças não podem ser abusadas, violentadas como se fosse…normal? Como meu agressor falou enquanto ele me atacava, ‘Isso é normal,’" diz Luna. "Não, isso não é normal."

A filha de Luna ainda não sabe o que aconteceu com a mãe. Luna prefere que a menina continue acreditando em contos de fadas até que ela tenha idade suficiente para ouvir a história de quando sua mãe lutou por seus direitos e conseguiu, pelo menos, um pouco de justiça.

Esta reportagem foi apurada e produzida por Giulia Afiune, que também a traduziu para o português para o nosso site www.wgbhnews.org. A narração é de Barbara Howard, âncora do programa All Things Considered.

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